Set 5, 2024
FUTEBOL DE TOSTÕES NO A BOLA É NOSSA
POR IVO COSTA
"Numa semana em que tanto se falou de milhões, à custa da agitação final do mercado de transferências no futebol, aqui n’A Bola é Nossa seguimos outra via: a dos tostões."
“Encontrei por acaso um campo de futebol em Viana do Castelo, numa localidade chamada Neiva, e esse campo tinha uma bilheteira muito peculiar. Tinha umas bolas coloridas pintadas na fachada e isso trouxe-me à memória os jogos da distrital e os campos de futebol da distrital que eu conheci com o meu pai, quando era miúda, quando íamos juntos ver jogos.”
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Numa semana em que tanto se falou de milhões, à custa da agitação final do mercado de transferências no futebol, aqui n’A Bola é Nossa seguimos outra via: a dos tostões. Abrimos a rede social Instagram e por lá encontramos um projecto que nos conduz à raíz do futebol português. São mais de 200 campos de futebol amador, fotografados pela socióloga Marta Lima. O seu projecto Futebol de Tostões começou assim:
“Acabou por ser num desses passeios fotográficos que encontrei por acaso um campo de futebol em Viana do Castelo, numa localidade chamada Neiva, e esse campo tinha uma bilheteira muito peculiar. Tinha umas bolas coloridas pintadas na fachada e isso trouxe-me à memória os jogos da distrital e os campos de futebol da distrital que eu conheci com o meu pai, quando era miúda, quando íamos juntos ver jogos.”
A maioria das fotografias do projecto Futebol de Tostões é de campos no Norte do país. Pormenores de cada recinto, pedaços de história de cada um dos clubes que Marta Lima visita.
“O grande objectivo do Futebol de Tostões acaba por ser documentar visualmente campos de futebol antigos, sobretudo campos que pertencem a clubes amadores e dos campeonatos populares e distritais, que são os clubes que para mim representam aquilo que é a verdadeira essência do futebol.”
Na caixa de mensagens do projecto Futebol de Tostões, Marta Lima é guardiã das memórias mais profundas de muitos adeptos que encetam viagens no tempo à boleia das fotografias publicadas. Há também, na opinião da socióloga, uma franja cada vez maior de adeptos de futebol que estão a migrar dos grandes estádios para a origem: o clube da terra. E esses clubes têm crescido a vários níveis:
“Por exemplo, quando comecei o Futebol de Tostões, a maioria dos clubes dos campos que eu fotografava nem sequer tinham uma conta no Instagram ou no Facebook e hoje em dia é o oposto. É muito raro encontrar um clube que não esteja presente nessas plataformas e que não publique activamente nessas plataformas. E essa presença é inclusivamente muito forte em alguns clubes. Existem clubes que apostam mesmo a sério tanto na fotografia, como no vídeo, e que têm também, de certa forma, contribuído para criar uma maior atenção e um maior interesse neste futebol que passa longe dos programas televisivos e dos jornais desportivos.”
Nas últimas semanas e depois de ser alvo da atenção da imprensa brasileira, o projecto Futebol de Tostões também criou uma newsletter que qualquer utilizador pode subscrever e onde surgem mais do que fotos dos campos de futebol:
“O principal objectivo é ter ali um veículo para falar dos bastidores do Futebol de Tostões, publicar conteúdos exclusivos e novidades sobre o projecto, mas também partilhar histórias, páginas e projectos que eu sigo, que não estão directamente relacionados com o Futebol de Tostões, mas que também falam sobre este lado do futebol mais puro, de que eu tanto gosto e que acho que faz sentido também partilhar com as pessoas que seguem o Futebol de Tostões.”
Marta Lima, socióloga, autora do projecto Futebol de Tostões hoje connosco n’A Bola é Nossa.